Aprecio Um Bom Texto!
Aprecio um bom texto, um bom livro. Viajo para dentro de uma história, quando bem escrita. Chego a ter inveja de quem escreve bem. Admiro quem tem esse dom, de contar histórias, de descrever fatos, de inventar o que não existe através das palavras. Teria orgulho de ser um escritor! Sim, sim…que orgulho!
E olhem que desde criança eu tive certa afeição pela escrita, e pelas aulas de português, enquanto a maioria, principalmente os meninos, negavam qualquer prazer pela matéria.
Certa feita, lá pelo início da adolescência, fui desafiado pelo professor de português a participar de um concurso municipal de redação, e escrever numas quatro laudas o que seria uma “Carta ao Jovem do Ano 2000”. Isso era lá pelos idos de 1981, por aí. Não poderia decepcionar tão querido mestre, apesar de torcer pelo maior adversário do meu time de futebol do coração! Escrevi a tal carta, e venci o certame preliminar do bairro onde morava, e no qual funcionava minha escola. Não ganhei o concurso, mas lembro que fiquei muito feliz, e motivado para sempre tratar bem os desafios da escrita.
A propósito, penso que minha opção pelo Direito deveu-se ao gosto pela língua e pela redação. Sim, de fato, se não fosse a nota da redação eu não teria ido tão bem na classificação do vestibular.
Mas a gente cresce, vem o trabalho, as responsabilidades, os convites para assumir mais responsabilidades, e, um belo dia, alguém diz para você, ao avaliar um famigerado ppt (power point) que apresenta algum assunto: “Está uma desgraça! Muito texto. Resuma isso. Seja objetivo e coloque apenas bullet points”.
E daí em diante, para não desapontar o chefe, esse e todos os futuros, eu comecei a escrever cada vez menos. Fiquei até muito bom em frases rápidas, quase sem preposições e conectivos. Mas parágrafos tornaram-se oceanos quase intransponíveis.
Passou bastante tempo desde aquela vitoriosa missiva. Hoje tenho o prazer de trabalhar com colegas de excelente capacidade de redigir. Até lidero alguns deles. Dia desses, que ironia do destino: Surpreendi-me orientando um desses colegas, com um ar professoral, a reduzir a quantidade de texto que preparava para explanar certo tema, para não ter o risco de perder a atenção dos destinatários da mensagem.
Perdão meu querido professor. Perdão a todos os escritores que já me puseram a viajar em imaginação, e a todos os mestres, que através de suas palavras escritas, ajudam a reduzir minhas ignorâncias!
Marco Gomes